quarta-feira, 18 de julho de 2012

Era uma vez...
  
Era uma vez uma boneca que sempre quis ter vida. Quase igual ao Pinóquio, a diferença é que ela nunca gostou muito de mentiras. Essa boneca sempre foi responsável, dedicada. Se ficou de recuperação três vezes na escola, foi muito. Sempre deu valor a tudo que teve. Nunca voltou bêbada pra casa, nunca arrumou briga. Aos 13 anos já sabia cozinhar, passar seu uniforme escolar. Sempre tentou escolher pessoas boas para estar ao seu lado. Nunca foi de seguir modinha, nem de ser influenciada por amigos. E por causa disso, muitas vezes se sentiu isolada, achando que ser ela mesma não era suficiente. Mas hoje, ela sente orgulho de ser ela mesma, sente orgulho de tudo que já conquistou e da sua coragem. Sempre foi uma boneca insegura, sem saber muito bem o que poderia fazer. Sua insegurança sempre foi muito cômoda para quem sempre teve o poder de controlá-la. Com o tempo, ela foi deixando de ser boneca e foi se transformando em um ser humano. Começou a reaprender a andar, falar, sentir. Hoje confia mais em si mesma, em alguns aspectos, causando certo espanto. Apesar de tudo, sempre foi otimista. Sempre achou que poderia ser melhor, mas não melhor que ninguém. Sempre teve dificuldade de expor seus sentimentos, mas aprendeu a chorar e a sorrir mais também. Sempre viu as coisas pelo lado positivo e sempre acreditou e desejou o melhor para a maioria das pessoas. Sempre achou que os outros fariam a mesma coisa. Talvez isso seja a parte mais difícil. Quando toma alguma decisão, as pessoas não prestam muita atenção, pensam que é bobagem, fase, rebeldia, um momento, que irá durar um mês, dois ou no máximo, três. Então eles fazem um discurso bonito e a apoiam. Falam "é isso ai!". Então, depois de pouco tempo, eles olham para ela e percebem que ela estava falando sério. "Olhem para o rostinho dela, tão ingênua, tão nova ainda, tão inexperiente... Isso é demais para ela!". Talvez ela ainda seja um pouco disso tudo, mas ela não quer ser assim para sempre. E isso ela não aprenderá em livros, conselhos ou escrevendo em seu blog. Mesmo assim, ela entende. Entende que quem ama cuida e se preocupa. Quer o bem. Mas, ás vezes, se sente sufocada também. Porque tudo que ela queria era um crédito, um voto de confiança, um desejo de boa sorte e de felicidade ao invés de alguém dizendo que a vida vai lhe mostrar alguma coisa, que ela está "se achando" demais e que não dá mais valor a tudo que teve. Ah, se eles soubessem... Talvez, um dia eles saibam que ela estava ali, esperando um ombro amigo para poder falar sobre seus medos ao invés de ser criticada e alimentada por eles. Esperando alguém dizer: "você é capaz de tanta coisa... estamos orgulhosos de você". Alguém não. Aquelas pessoas que são tão importantes para ela. Talvez, um dia eles saibam que mesmo chateada, o amor e a gratidão dela por eles sempre serão enormes.


Era uma vez uma boneca, que se tornou um ser humano 
e que só está começando a escrever sua história...
De cabeça erguida e com uma certa paz no peito.
Eu nem sei se ela deveria começar assim, expondo tanto a alma,
mas ela já está cansada de se esconder, de inventar histórias.

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