terça-feira, 22 de maio de 2012

A volta

Não por falta de coisas a pensar, mas essses dias estava caminhando até a vendinha perto do trabalho e comecei a pensar no fim das sacolas plásticas. Estranho admitir que por alguns instantes voltei a um passado que não vivi. Ainda tinha sol ás seis da tarde, como se fosse três. Flores abertas trilhavam o caminho da rua como se estivessem na primavera dos livros de primário. As pessoas caminhavam  em seu próprio ritmo, sem pressa. Olhavam umas para as outras. Sorriam e desejavam boa tarde. Passei em frente a quitanda de algum senhor chamado Pedro ou João, vi verduras frescas, salsinha verdinha. O leiteiro que entregava duas garrafas de leite na casa ao lado limpava o suor com um pano que carregava no avental. Continuei andando. Desviei das crianças pulando corda na calçada e depois das que jogavam amarelinha. Algumas mulheres estendiam lençóis brancos e floridos no varal. Apesar do sol, havia vento e os lençóis dançavam. Cheguei até a vendinha, voltei com a compra num saco de papel. Voltei pensando que talvez, algumas outras coisas além dos sacos de papel e das caixas de papelão, tenham que voltar a nossa rotina, para voltarmos aos bons modos e boas paisagens de antes.


"No passado está a história do futuro." 
(Jean Donoso Cortés)

*

Nenhum comentário: