domingo, 11 de setembro de 2011

"Sempre desprezei as coisas mornas, as coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas definidas como mais ou menos, um filme mais ou menos ,um livro mais ou menos.
Tudo perda de tempo.
Viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados, e com eles sua raiva, seu orgulho, seu asco, sua adoraçao ou seu desprezo.
O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia."

(trecho de O Divã) - Martha Medeiros


Não é alegria. Não é tristeza. Não é compaixão. Não é desprezo. Sei lá o que me dá. Deve ser alguma coisa, porque também não é indiferente. Não é expectativa, nem desilusão. Não é tudo, mas também não é nada. Deve ser metade de alguma coisa, porque também não é inteiro. Não me consome, mas também não mata a fome. Pode ser o significado de uma palavra que eu nunca ouvi. Algo mais ou menos? Será? Mas não digo que seja uma perda de tempo. Talvez seja apenas a vida passando em silêncio. Talvez seja uma folga de um sentir que muitas vezes me deixa cansada. É... ontem, antes de dormir, eu pedi umas férias de mim mesma, parece que "aceitaram" meu pedido. Eu e meu espelho. Nos aceitamos. Nos olhamos fazendo com que o resto do corpo apenas cumprisse suas funções e nada mais. Sem frio na espinha, sem dores de cabeça ou de estômago, sem falta de ar, sem espanto. Chega a ser estranho a falta de conflitos internos. A vida está sendo aceita sem muitos questionamentos e com mais respostas, que nem parecem novidades. E eu que sempre desprezei as coisas mornas, sinto-me num momento necessário onde a pertubação e o caos que criamos em nós mesmos têm que deixar de existirem, para que possamos continuar a viver. 
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Um comentário:

Danilo disse...

!...isso se chama evolução, até que se complete entre o real e o surreal se tornaram uma unica coisa, o "vaco" entre todas as coisas, razão e sentimento...espere passar esta fase e então terá a resposta...! ;)