É um grande desafio entender essa luta diária entre quem sou e quem eu deveria ser. Quem sou? Tudo que você vê e muito do que você não vê - simplesmente porque não pode. Nem sei por quê as pessoas insistem em querer uma resposta. Somos uma simplicidade tão grande que chega a afuscar os olhos. Tão simples que fica complicado de aceitar. "Só" isso ou "tudo" isso? Não acho que somos pouco, nem acho que somos tudo. Somos inexplicavelmente simples (Pra que complicar?). Pegamos essa simplicidade pelas mãos e a levamos para viver toda cobrança externa, toda loucura interna, nossa pressão sobre nós mesmos. O simples quase fica para trás, tropeçando na vida, se cansando de tanto descaso. Até sentirmos sua falta (somos egoístas o bastante para isso). Até percebemos o quão grande é seu valor. E assim a gente finge parar de se preocupar com quem deveríamos ser. Deveríamos ser mais fáceis de se lidar ao invés de simples. Deveríamos ser rápidos, exatos, compatíveis com tudo. Deveríamos ser descritivos em palavras. Deveríamos escolher apenas um caminho. Deveríamos não possuir tantas incertezas sobre o que ser e o que fazer. Deveríamos estar certos ou errados independente do caso. E nos culpamos ás vezes por não ser nada disso. Apesar de escrever em terceira pessoa, falo por mim. Não vejo o que eu "devereia ser" como errado. Nem como uma piração da cabeça. Não. Devo correr atrás de algumas coisas que ainda não sou. Isso que nos faz mais fortes, mais intensos, mais simples, mais vivos.
Ontem, conversando com um amigo sobre a arte de simplificar coisas compliadas, ele me disse que sou uma "mosca branca". Pedi a ele que fosse mais direto e ele me perguntou se eu já tinha visto alguma mosca branca. Entendi. "Rara de se ver". Admito que muitas vezes me sinto sim uma mosca branca tropeçando por aí. Quem me vê, ás vezes, se espanta, me espanta ou não entende. O que eu quero dizer é que nem sempre nossas raridades nos aproximam do que queremos. Aí eu te pergunto: O que queremos mais nesse momento? Voar ou ser exposta num vidro como raridade?
*
Nenhum comentário:
Postar um comentário