quinta-feira, 8 de julho de 2010

Lembranças...
Há milhares de fotos arrumadas em um álbum bonito e nas pastas do notebook. Os vídeos me recordam do barulho do momento e das risadas tão descompromissadas. Ainda restam o mapa da cidade em algum lugar da gaveta e o bilhete do metrô de Nova York guardado na carteira. Minha playlist ainda está lá... pronta para ser apreciada a qualquer hora. As músicas sempre foram uma ótima compahia. Mas agora, o contexto é outro. Não digo que seja pior ou melhor. É tudo tão diferente... Olho para tudo que me restou e apenas me lembro de como fizeram parte - diretamente - de momentos maravilhosos. Me lembro com uma sensação de orgulho próprio. Bom isso. Porém, não sinto mais o que já passou. Será por que tudo já acabou? Antes da conquista (de um território próprio), tudo que me povoava era uma ansiedade do desconhecido e um medo (pelo mesmo motivo) que me levava a seguir e alcançar meu destino. O meio foi uma vivência importante para meu crescimento, para que mudanças ocorressem agora. E agora? Agora são lembranças, saudade da cidade pacata, da vista da janela, da espera na lavanderia, dos waffles com geléia do café da manhã. Saudade de ir até ao Walmart comprar comida congelada, roupa barata e na volta passar no Dollar Tree (onde tudo vale 1 dólar) comprar pipoca, ou amendoim ou detergente. Saudade de sentir saudade da família, dos amigos, do cachorro. Saudade de dormir nos dias de folga sem ninguém pra me acordar, de lavar a louça quando quisesse mesmo que só fosse um ou dois pratos e talheres, de ficar domingo a noite vendo tv (e programas legais por sinal) muitas vezes depois de voltar do boliche. Saudade de caminhar com os amigos até algum lugar que ainda não tinhamos descoberto ou simplesmente voltar nos lugares que mais tinhamos gostado - com nossas luvas, tocas e um frio abaixo de zero. Saudade de ir ao banco trocar o cheque do pagamento e na volta observar as casas sem portões (as vezes com cercas), com churrasqueiras cobertas de neve e bagunça na garagem, embora algumas fossem bem organizadas. Uma vez na ida ao banco, estava um frio e um vento tão intensos que tivemos que parar numa locadora no meio do caminho para nos aquecer. Saudade. Me restaram os cachecois no guarda-roupa. Não é a mesma coisa. Não é o mesmo sentir, o mesmo frio, o mesmo ar. Ás vezes pego meus pensamentos por lá, querendo voltar. Mas acho que não seria a mesma coisa. Não seria a mesma novidade, a mesma ansiedade, o mesmo medo. E agora? Pra onde é que eu vou? O caminho ainda é o mesmo? Olhando para trás parece fácil e eu até encontro uma resposta. Pois quem diria que eu iria - hein?! Olhando para frente as coisas mudam. A gente se sente meio perdido no mundo que sempre nos abrigou. Chega a ser no mínimo estranho, e nesse momento: Ah.. que saudade! E agora? Pra onde é que eu vou? Eu só tenho uma condição: que seja um lugar que me deixe cheia de saudade, com lembranças eternas.


"Is there something missing?
There's nobody listening
Are you scared of what you don't know?
Dont wanna end up on your own?
You need conversation
And information"
(How You See The World - Coldplay)
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