sábado, 25 de agosto de 2012

Uma madrugada cheia de culpa.

Acordo quase 4 da manhã de uma madrugada de sábado. Briga feia no apartamento do lado. Vizinhos que eu nunca vi, mas que agora, sei mais deles, do que eles sabem de mim. Ela é a Eliana e ele tenho quase certeza que ele é Felipe. Acordei com o choro desesperador da Eliana que pedia perdão enquanto chorava e pedia perdão de novo enquanto continuava chorando, sem deixar o cara falar. Talvez por medo da resposta. Pelo visto o perdão tinha que ser muito grande. Ela dizia "Me perdoa, me perdoa..." sem pausa, enquanto ele dizia sem que ela ouvisse "Eliana, olha pra mim, olha nos meus olhos. Se acalma e olha pra mim!" Ás vezes ele a chamava de Eliana, ás vezes de Eli e poucas vezes deixava escapar amor, mesmo num tom de voz duro. Isso se repetiu durante horas, sem exagero. Ela implorava perdão e nem conseguia olhar pra cara dele. Ela deve ter feita alguma merda das bravas. Era um perdão atrás do outro, um soluço atrás do outro, um choro que não acabava nunca. Cheguei a ficar com pena, eu queria bater na porta do apartamento deles dizer que eu a perdoava, mas que ela precisaria fazer isso primeiro. Depois eu iria olhar nos olhos dele e dizer: "Pronto, já tem alguém olhando nos seus olhos. Agora vamos todos dormir?". Claro que eu não fiz isso e como não sei o que realmente aconteceu para tudo isso, eu me livrei da pena. Afinal, cada um com seus problemas. Ele ameaçou ir embora, ela começou implorar, a chorar mais alto feito criança birrenta. Ele voltou. Logo depois, teve um momento em que ela pedia para ele soltá-la, dizia que estava machucando. Fiquei apreensiva, mas sinceramente acho que não era nada demais. Acho que ela estava muito louca e ele só queria acalmá-la antes de qualquer coisa. Levantei, bebi água na esperança de que quando voltasse, eles já teriam cansado dessa história toda. Eu estava cansada. Pensei em ir dormir na sala, mas a cama já estava quentinha. Voltei pra lá. Tentei tampar os ouvidos com o edredom, me senti sufocada, destampei. Ela continuou pedindo perdão e eu fui cochilando entre um pedido e outro. As 7 da manhã tudo era silêncio. 7h40 o despertador toca. Ainda tenho que trabalhar.

2 comentários:

Danilo disse...

!..kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk segura Tati agora este blog vai bombar com as Crônicas do seu prédio kkkkkk. Quase eu estaca perdoando a moça, rachei, muito bom...! [D]

Caio Augusto Pereira disse...

Poucas vezes quando leio algo penso em tantas coisas ao mesmo tempo.
- Por um momento, você se pareceu com o personagem de "Eu sou o mensageiro", Jack Kennedy o nome dele, não me lembro.
- Incrível como o mundo não é um só, é vários. Meu mundo é diferente do teu, o teu é diferente do meu, o meu é gigante, o teu também o é, o meu é importante e o teu também, o meu para mim significa mais que o teu, e o teu para você significa mais que o meu. No fim, nenhum dos dois tem a importância que julgamos ter, nenhum dos dois é tão gigante como os pensamos; no fim, os mundos de cada um não são nada, se comparados à todas as outras coisas que são realmente grandes e que escapam do nosso entendimento.
- Por que algumas pessoas têm uma relação amorosa tão complicada?
=O)