quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Sim.

 Estou assim essa semana: inquietude total (tem como não ficar?). Tenho vontade de dançar. Escuto a mesma música cinco vezes. Minha paciência não está das melhores. Espelho, espelho meu, existe alguém mais ansiosa do que eu? Começo a escrever igual louca. Sou louca. Escrevo. Duas coisas que nunca neguei. Estava no ônibus voltando pra casa, pensando que queimar a língua comendo milho é chato (sim, eu queimei!) e entre uma crônica e outra, pensando sobre mim, minhas partes, meu inteiro. Não me pergunte a que conclusão cheguei. Sei onde começo, mas nunca sei onde vou terminar. Como se algum lugar do meu corpo abrigasse reticências ao invés do ponto final. 
...

 Tenho hora para algumas coisas (até hippies devem ter horário pra alguma coisa). Mas não tenho hora certa pra decidir. Não tenho hora certa pra jantar, tomar banho, ver TV, escrever. Faço tudo, mas não me prendo à ordem. Sou assim, meio despadronizada, meio desajeitada, inteira. Vivo fugindo do tédio. Tenho profunda admiração pelo imprevisível. Coisas que simplesmente acontecem sem antes me fazer pirar, pensar, fazer cálculos que eu nem sei fazer (pois é, não conte comigo quando o assunto é matemática!). Engasgo com tudo que me faz pensar muito. O imprevisível não tem tempo pra dúvidas, mesmo as inconscientes, ele é e pronto. E foi assim, em momentos sem passado nem futuro que coisas boas já aconteceram. Beijos roubados são muito melhores que os premeditados; Um plano de última hora é muito melhor que planejar uma vida inteira; Uma dose de loucura no meio do dia - ou da noite - ganha de qualquer normalidade; Um presente sem data comemorativa geralmente é muito mais emocionante que os que você ganha no seu aniversário e por ai vai. De um jeito tão simples e gostoso... Vai. 


  Deixar-se surpreender não é das tarefas mais fáceis. É preciso nocautear a expectativa e exercer um desapego de dentro pra fora. Assistir ao filme Yes Man com o Jim Carrey pode te ajudar. Você vai rir e se lembrar em muuuitos momentos da sua vida que dizer sim é importante e atrai coisa boa. Eu acredito. Dizer sim também é um jeito de parar de nos boicotar e até um jeito de nos conhecermos melhor (você consegue se escutar?). No mundo louco, cheio de tarefas, trânsito e gente desconfiada, o sim, por si só já é imprevisível, já é um presente para nós mesmos. E apenas o começo.


  No dia primeiro de janeiro escrevi aqui nesse mesmo blog: "Nada e ao mesmo tempo, tudo. É o que nós temos agora. É legal quando fazemos coisas e não as comparamos a nada. Quando você consegue fazer algo que não seja nem melhor nem pior que nada. Talvez devêssemos enxergar as pessoas que passam por nós e os momentos que vivemos de maneira mais criativa e de um modo mais único. Comparando tudo a nada".  Escrevi isso ao lembrar de uma das entrevistas do John Mayer onde ele dizia algo do tipo. Hoje repito minhas palavras e os pensamentos dele. Não quero muitas comparações, se for possível, nenhuma, para me permitir dizer sim mais vezes.

Olho para minhas reticências e  pergunto:
E ai, você se aceita?
Respondo: Sim, eu aceito.
Na saúde, na loucura, no amor, no trabalho, nas palavras...
Até que a ausência do imprevisível nos separe.

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