quarta-feira, 20 de junho de 2012

Com sede.

O caminho de volta foi preenchido de pensamentos que transitavam entre uma página e outra de um livro que estou lendo. Um livro que o Caio ainda não leu, me emprestou sem que eu pedisse e que estou adorando. Mas do livro eu vou falar em outra hora. Na verdade, nem sei muito o que quero falar, porque ando consumindo palavras alheias. As minhas palavras não sei onde estão, nem sei se um dia eu soube. Leio um texto aqui, uma frase ali e pego todas para mim. Digo "É isso!" e as tomo, como se fossem xarope. Tudo desce seco pela garganta e tenho a esperança de que minha sede vai passar. Não passa. O homem com quem esbarrei, sem querer, com a mochila passa. A chuva, o trem, a pomba no telhado também passam. O horário do almoço, aquela conversa e o abraço passam, passam, passam... voam. Nada fica, ou fica. A sede. E minha conexão não se conecta com nada. Eu tenho minhas teorias, dou uma de forte e esperta, discuto as coisas da vida... Mas ai eu olho pra mim e digo: "Filha, você é um exagero de sensibilidade que se emociona com os programas do canal GNT! E quer saber? O mundo nem precisa disso". É isso, ou quase, ou não. A sede. Não há água que resolva, nem as gotas de floral para o reequilíbrio dos chakras. Então, eu começo a pensar nas injustiças do mundo, nas minhas injustiças e nas causas pelas quais batalho, meio cansada. Não penso mais em nada. Volto para as páginas do livro - o que é bem menos dolorido. Finjo não pensar mais na sede.


Nenhum comentário: