terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Imortais

Um dos motivos que me levou a criar um blog foi a possibilidade de compartilhar assuntos que, geralmente, fica fora dos bate-papos e das conversas sobre o tempo, trabalho, novela, trânsito, julgamentos noticiados na TV, o que será do Brasil quando a Copa do Mundo for aqui... Sempre pensei em outras coisas antes de dormir, ou mesmo durante o dia, quando tento ficar em silêncio.

Hoje resolvi escrever sobre a morte, porque o Caio começou a falar sobre isso no trabalho e eu fiz cara de espanto, com um reação automática de evitar o assunto. Depois comecei a me acostumar com a ideia do assunto e comecei a pensar que morte é muito mais comum que um navio afundando, um avião caindo, um brinquedo quebrado... A morte acontece todos os dias e a gente finge não ver.

As pessoas acreditam em tanta coisas. Santo, horóscopo, simpatia, alma gêmea, fofoca... Mas quando se trata da morte, é igual fantasma e disco voador: evitamos pensar no assunto, porque nenhuma explicação nos convence. Falta coisa na história, falta acontecer com a gente, mas a gente não quer que isso aconteça.Temos um puta medo, há sempre um espanto, um desespero, uma inconformidade - antes da saudade.

Hoje eu cheguei em casa e assisti um filme chamado 50% (Em inglês: 50/50). Basicamente o filme é sobre um cara de 27 anos que descobre que possui um tipo raro de câncer. Sei lá. Com câncer ou não, todos nós estamos morrendo. Com as mesmas chances. A diferença é que as pessoas que não possuem o diagnóstico que nenhuma doença grave, muitas vezes, agem como se fôssemos imortais. Agimos como se a vida fosse eterna. Com isso, não damos valor que deveríamos a quem está sempre ao nosso lado, ou deixamos de fazer as coisas que realmente gostamos para colocar outras prioridades na frente, ou simplesmente vivemos com pressa. A verdade é que só temos a vida inteira.

Nós evitamos a morte porque queremos viver, mas talvez se a encararmos de frente, viveríamos muito mais.



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6 comentários:

Anônimo disse...

eu acho que a morte nada mais é a continuação de uma nova vida que virá na frente.

muito bom seu texto tati .. parabéns !

Fabio

Danilo disse...

!..Ouvi falar deste filme, parece ser muito bom, esta na minha lista para assistir antes de morrer..rs..rs..Realmente só nos damos conta do verdadeiro valor da vida quando descobrimos o preço da morte..vivemos despretenciosamente achando que nada vai nos atingir, que só acontece com o vizinho..mas a realidade é dura e cobra, e quando bate na porta não adianta rezar ou se arrepender...temos sim que viver cada dia como se fosse o último para dar sentido em tudo que fazemos..gostei muito do texto..parabéns..! [continue escrevendo que eu contino lendo]

TweetKm disse...

Texto incrível! Imparcial e direto. Usando o que o Danilo comentou: "temos sim que viver cada dia como se fosse o último para dar sentido em tudo que fazemos."
Fiquei pensando na profundidade das suas palavras, Tatiana, talvez elas ganhem um sentido maior quando se vê por um prisma divino. Sentido à vida, como disse o Danilo, surge quando agimos em prol de algo maior. Penso que este "algo maior" não é meramente a satisfação dos nossos desejos, mas algo que vá além da morte, algo que vamos levar dessa vida. Por isso creio em Deus, Ele dá o sentido completo, a saber, a única coisa que vamos levar daqui é o caráter.

Anônimo disse...

Muitos acham que se, nunca diagnosticado com algo grave e que, de certo, levará a morte, viveram no mínimo até ficarem velhinhos e com limitações; tanto que, quando vêm alguém nestas condições, já pensam que estas estão próximas de morrer. O negócio é que morrer é um acaso e, na maioria dos casos, não se prevê quando isso vai acontecer; não existe um tipo certo, a hora exata, o local, ou seja lá o que for.. o que existem são possibilidades maiores, e é nisso que todo mundo se prende. Mesmo sabendo, lá no fundo, que daqui a dez minutos poderá ter "tomado a frente" daquele senhorzinho - antes dito como incapaz.

Anônimo disse...

Ninguém deve ter medo da morte, ou de falar dela. Quem morre, aparentemente, está com seu destino certo e no ponto final. Nada mais se pode fazer quanto a isso. A quem já morreu, não ficam saudades, mágoas, tristezas, arrependimentos.. isto só é dedicado a quem vive. Tenho medo de não aproveitar quem eu amo, ou de não fazer tudo o que posso por pessoas que significam muito para mim. Medo tenho de vê-lo partir sem a certeza do quanto foi importante para mim. Medo tenho de não viver.
Com a "morte", eu me resolvo quando conhece-la e tomar certeza do que realmente era me reserva rs

Anônimo disse...

Sem querer desmerecer o texto: belo título!