quinta-feira, 11 de março de 2010

_Aeroporto_

"Quem mandou voce passar pelo meu caminho?"
(Tudo certo - Luiza Possi)

Eu aqui nesse aeroporto meio vazio, sem saber direito se estou chegando ou se estou indo. Partida ao meio, dividida em saudade do que ja passou (voando…) e vontade de abrir os bracos e aterrizar no meu porto, no seu colo. Minha bateria ja esta pela metade, com a energia amassada dentro da bolsa, com o estomago parecendo um funil de vento. Escuto uma cancao qualquer pra distrair os ponteiros do relogio e fico cansada de responder as mesmas perguntas. Esta frio aqui dentro, mas eu nao quero falar do tempo. Ja eh tarde, mas eu nao quero falar dos meus horarios a serem cumpridos. Esqueca as conversas superficiais (superficies enganam, eu quero mesmo eh mergulhar – topa?). Eu sei que voce tambem sente saudade, mas eu nao aguento ouvir mais o “Volta Logo”. Nao me leve a mal, nao eh nada pessoal, eh que parece apenas um Ctrl C + Ctrl V… e pelo o que eu te conheco, voce eh muito mais que isso. Mude as palavras, mude a ordem, mude de roupa e se mude pra ca! Eu preciso dizer tanta coisa… o que eu vivi, o que eu senti, os meus planos… Eu preciso olhar pra voce e ficar um pouco em silencio. Eu preciso dizer que algumas pessoas sao mais do que elas imaginam, que algumas pessoas sao – para mim - menos do que eu esperava. E que a distancia, na verdade, eh tao imaginaria! Eu preciso dizer que eu volto quando eu tiver que voltar e voce sabe que eu volto – do mesmo modo que um dia eu fui. Eu volto pro nosso aeroPORTO onde o mundo gira cada vez mais rapido, bem diferente desse aeroporto que me abriga nessa noite de uma quarta-feira que ja ja tem um fim, me deixando aqui pro outro dia cuidar. Eu espero minha vez, eu espero as minhas malas, a minha escala, espero o aviao subir e descer, espero alguem vir me buscar – e as vezes quase me desespero porque nao eh voce. E voce fica olhando pra cima, tentando me enxergar, pedindo pra eu voltar sem perceber que eu estou do seu lado seja onde for, pro que der e vier. Eu preciso te dizer tanta coisa quando eu te encontrar… mas nao sei se consigo colocar em pratica tudo que escrevo. Eu acho que vou precisar da sua ajuda, mais vezes, pra exercer minha coragem, minha paciencia, minha felicidade. Nao ache voce que quando eu voltar tudo acabou. Eu apenas comecei e comecarei quantas vezes for preciso. Afinal, eu estou num aeroPORTO! Aqui eh apenas um ponto de referencia pra seguir em frente, entende? Eu ainda vou precisar dos seus ponta-pes, dos seus elogios, do seu aconchego, dos seus conselhos, das suas dicas de sobrevivencia, da sua saida de emergencia, dos seus desejos futeis… Eu ainda vou precisar de voce me aguentando quando eu sou patetica, artista, modesta, poeta. Eu sempre terei muito o que fazer e eu ainda vou precisar de voce pra me empurrar - e as vezes, me segurar. Para me pedir pra ficar ou sugerir para irmos juntos (o que eu acho melhor – quando eu nao quero ficar sozinha). Eu ainda vou precisar de voce pra me equalizar quando eu sair do tom. Voce: mae, pai, irmao, queridos amigos, primas e primos, gente que conheci a pouco tempo, gente de longo tempo atras, gente como a gente… Entao eu nao sei o motivo dessa inseguranca, dos questionamentos, de querer me ver pedindo pra voltar. Eu nao preciso voltar para o que eu nunca deixei, eu so vou mudar meu corpo de lugar e talvez assim, eu mude alguma coisa ao meu redor - mesmo que esse aeroporto continue aqui, parado e ao mesmo tempo locomovendo tantas vidas.

"Pela janela vejo fumaca, vejo pessoas. Na rua os carros, o ceu, o sol e a chuva. O telefone tocou... Na mente, fantasia. Voce me ligou naquela tarde vazia e me valeu o dia".
(Tarde Vazia - Ira!)

BeijOs!

Um comentário:

Ludmila Melgaço disse...

Não há necessidade de volar para o que nunca se deixou.

Achei lindo!
=)