quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Minha alma dança...

Até onde me recordo, eu tinha uns 16/17 anos quando assisti um DVD da Shakira e cismei que queria entrar na aula de dança do ventre. Eu não queria ser a Shakira (claro que se eu fosse, não reclamaria rs), nem aprender a dançar exatamente. Eu não sabia muito bem o que eu queria com aquilo, mas eu queria. E talvez aquilo já fizesse parte de mim antes mesmo que eu soubesse. 
Lembro-me da primeira aula. Cheguei uns 10 minutos antes e entrei numa sala decorada com tecidos estampados, abajur, almofadas. Um outro mundo a 5 minutos da minha casa. A secretária acendeu um incenso e colocou uma música. Eu estava com a minha mãe, de repente começamos a rir de tudo aquilo. Era novo, a música era totalmente diferente da Shakira, era totalmente árabe. Por achar engraçado ou não, minha primeira impressão foi de alegria.

Eu comecei a fazer aula experimental e a professora me perguntou: "Você tem certeza que nunca fez isso antes?". Sim, eu tinha certeza, assim como também tinha certeza de que não pretendia parar tão cedo. Como se minha alma tivesse encontrado um refúgio, um lugar para se encantar e sentir-se livre de qualquer coisa. Acho uma pena as pessoas julgarem a dança como se ela fosse um apelo sexual. Já ouvi opiniões machistas sobre o assunto. Por esse motivo não costumo falar muito sobre isso. Mas, no fundo, eu gostaria que as pessoas soubessem que os movimentos que o corpo faz são apenas as consequências do que sua alma sente. É como se você conseguisse dançar para o seu próprio coração e fazê-lo feliz.

Existe um mito de que dança do ventre "dá barriga". Esqueçam isso. O fato é que você vê mulheres de todos os tipos possíveis dançando, com barriguinhas salientes, ou não, porque a dança transcende o corpo. Porque o prazer em dançar torna-se maior que a exibição de um "ideal". As imperfeições passam a ser aceitas e ao mesmo tempo deixam de ser ignoradas. Há quem admire o corpo, há quem admire a dança e há quem possua o conjunto exuberante dos dois. Eu nunca fui do tipo sarada, mas a dança nunca mostrou que isso pudesse me impedir de alguma coisa.

Minha primeira professora ficou grávida e parou de dar aula, mas me serve de exemplo até hoje. Tanto ela como as três professoras seguintes que me ensinaram o melhor que poderiam. Elas disseram para eu continuar, e eu procuro seguir o conselho. Eu até gostaria de fazer disso como uma prioridade, mas tenho que conciliar com o trabalho, horários e horas de sono. Volto, paro, sinto falta e retorno. Sinto falta de exercer, mas não chega a ser saudade, porque não dá para abandonar o que já faz parte de nós. Ainda bem! Pode ter certeza que, poder praticar uma das coisas que mais gosto, é um dos meus pedidos de todo ano novo.

2007/08 - Lunah (primeira a direita)
2008 - Isthar
2010 - Hayffa














Apesar de não ser profissional, meu primeiro salário foi por ensinar o que eu sabia de dança do ventre. Era uma escola de dança que tinha inaugurado e queria experimentar essa modalidade. Então uma prima, que era amiga da dona me indicou. Eu aceitei o desafio. Comecei a ensinar uma turma de básico enquanto ainda fazia aulas. Infelizmente a procura por Jazz e Ballet foi maior, mas valeu a experiência.Valeu cada momento como Hanna' (o nome que escolhi para me representar enquanto danço - significa felicidade).


Aonde eu quero chegar com esse post? Sei lá, eu passei o dia escutando as músicas do Fadel Shaker e de alguma forma agradecendo por ter esse ritmo palpitando dentro de mim. Desejando para que as pessoas encontrem algo que alegre a alma, desperte o brilho nos olhos e faça o coração dançar nesse ano que está por vir.
depois dou uma bronca a mim mesma, por colocar tanta coisa na frente disso, que me faz tão bem.

beijos
Hanna'

Um comentário:

Caio disse...

Que lindas essas fotos! Cê tem a mesma carinha, já era meio paçoca, mas uma paçoca árabe. ;p
Gostei da relação com a música, Tati! Lembrei de uma personagem de um livro do Paulo Coelho (eu já o li...) que também dançava e ficava em transe, ela também escolhia outro nome...