terça-feira, 11 de outubro de 2011

Ignorância
- a arte do julgamento

Deixa ser o que for. Não temos obrigação de gostar, mas não temos o direito de julgar, de apontar o dedo e ridicularizar mesmo que discretamente. Claro que existe uma coisa chamada "bom senso" que na maioria das vezes deve ser respeitada. Digo na maioria, porque tem horas que temos que nos libertar de qualquer regra para encontrar a verdade em si mesmo. O certo, o errado e todo resto. Entre tantas maneiras de reinventar a arte, somo bons em criar rótulos. Saímos etiquetando coisas e pessoas por ai. Tem o esperto, a burra, a gostosa, o esquisito, o estiloso, o brega, a nerd, o rebelde, o palhaço, a bailarina, a bruxa, o rasta, a hippie, o sarado, a santa, o safado... Basta um ato que lá estamos nós, julgando. Dizendo que aquele cara cheio de amigas mulheres é bicha, que a menina que estava olhando é assanhada, que "como pode aquele cara dos dreads ser advogado?". E de repente carro, casa e conta bancária também viram adjetivos. As pessoas não são nada disso, embora muitas ainda não saibam quem são. Julgamos tanto as aparências mesmo ouvindo dos nossos avós que elas enganam. Ditados não existem por acaso.Nem diferenças, nem a identificação. Isso é o que nos une. O que nos afasta é o descaso. O que nos afasta é o medo da rejeição. Colocar a espontaneidade numa jaula e moldá-la de acordo com sua preferência (ou com a preferência do outro - aquela velha história de tentar agradar) é um ato de hipocrisia quando todos nós queremos ser livres. E nós podemos ser o que quisermos se pararmos de tentar controlar tudo. E nós podemos ser o que quisermos se pararmos de tentar ser donos de tudo.

No local onde trabalho atualmente tem um cara que morou um ano no Japão e me contou algo que me chamou atenção. Ele disse que lá, as pessoas se vestem do modo que quiserem (MESMO!), saem na rua assim, andam de metrô assim e ninguém parece se importar. Ninguém olha estranho como se ser você mesmo e ter um estilo próprio não fosse coisa de outro mundo. Uma pena que nossa cultura não nos permite ser assim. Imagine só se eu te encontrasse no shopping vestida como essas meninas ai na foto abaixo...


Fofas, porém "estranhas" neh... Eu pensaria isso também. Somos ridiculamente preconceituosos, padronizados e "donos da razão". Bem vindo ao clube.


"Isso é um círculo, um ciclo vicioso
Eu não consigo mais te animar!
Onde está seu martelo? Seu júri?
Qual é o meu delito dessa vez?
Você não é um juiz, mas se vai me julgar
Bem, sentencie-me para outra vida
(...)
Você me trata como um estranho
Bem, é um prazer conhecê-lo senhor
Eu acho que eu já vou
É melhor que eu vá pelo meu caminho"
(Ignorance - Paramore)






Um comentário:

Aleks disse...

Um elemento primordial do controle social é desviar a atenção do público dos problemas importantes mediante a liberação excessiva de informações insignificantes. A população passa mais tempo discutindo sobre futebol e vencedores de Reality Show do que economia ou política. O excesso de informação reduz a população à passividade e ao egoísmo, ocultando os fatos um mar de irrelevância.