segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A DEMORA.
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Semana passada meu irmão foi parar no hospital por nada grave. Apenas teve que ficar internado para tomar antibióticos na veia e combater uma infecção na perna de maneira mais eficaz. Já recebeu alta e já foi para a escola... Porém de sexta para sábado fiz companhia a ele no hospital. Tinha outra pessoa no mesmo quarto, o Sr. João. Por que, ás vezes, precisamos parar num lugar daqueles (embora seja tudo limpinho e nos tratem super bem, a palavra 'hospital' assusta!) pra dar mais valor á vida? O Sr. João tem câncer, tem as mãos e os pés inchados e quebrou um braço. Anda lentamente e possui uma dificuldade extrema para deitar e levantar da cama. Algumas vezes ofereci ajuda, algumas ele aceitou, outras não. Insisti quando achei necessário, outras vezes deixei que ele se conduzisse como achara melhor. Pois se sentir doente é uma coisa e se sentir inútil é outra coisa, bem diferente por sinal.
No final da tarde estávamos assistindo a um telejornal que mostrava imagens de um acidente, pessoas sendo resgatadas e socorridas. Sr. João então disse: "Olha, é a minha equipe!". Meu irmão logo me explicou que ele havia trabalhado no SAMU. Achei bonito o orgulho que ele demostrou em apenas uma frase. Ele ainda era, de alguma forma, daquela equipe. Ele ainda tinha um coração que mesmo "assim-assim" pensava nas outras pessoas. Por uma frase eu soube que ele gostava do que fazia, que trabalhava por amor. Sorte dele. (Também quero um dia sentir o mesmo orgulho da minha profissão ou de qualquer outra coisa que me dediquei no passado, e acho que estou no caminho certo). Mas agora ele estava alí recebendo os cuidados que prestou a vida inteira, sabendo que o tempo passa depressa e que nem sempre é feita a nossa vontade. O caso do Sr. João não depende mais das mãos da medicina pela idade dele e pelo câncer. Ainda sim, ele gosta de olhar a rua e de se aquecer com o sol.
Uma pessoa da qual convivi por apenas algumas horas me deu um "chacoalhão" sem me dirigir palavras imperativas, conselhos, sugestões, sem saber nada da minha vida. Eu que as vezes demoro pra levantar da cama, demoro pra ficar de bom humor pela manhã, demoro no banho (sei que isso é feio e errado!), demoro pra tomar uma atitude revolucionária, demoro pra abrir a janela... Percebi o quando a gente demora pra dar valor á saúde, pra agarrar as oportunidades que surgem, pra sentir orgulho de quem somos e pra viver a vida que a gente tem!
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BeijOs Mágicos e rápidos.

Um comentário:

Aleks disse...

Acho que hospitais tem dessas coisas, pessoas que acabam inspirando agente sendo elas mesmas. Não pq elas são especiais e tem uma força e um amor descomunal pela vida, e sim pq elas não param e continuam lutando.
Acredito que no fundo todos nós sabemos, beeeeeem la no fundo que não é permitido parar por mais que as vezes agente desacelere.
Eu que ja tive pai e irmãos internados em utis da vida sei que quem ta de fora as vezes encara com muito mais medo a situação do que quem realmente está la passando por aquilo pq quem está lá sabe que desanimar e desistir de lutar não é uma opção. O importante é sorrir e continuar vivendo, lutando.
Obrigado!!!
Beijos encantados =p