quarta-feira, 7 de março de 2012

Diário do palhaço - Vol. 1

Segunda-feira. Sai do trabalho as pressas, tomei o ônibus e vinte minutos depois estava num pedaço do céu. Mandalas, plantas, panos por todos os lado e um silêncio que vem de dentro do mundo. Uma exposição de fotografia logo na entrada. Gente boa pelo caminho. A novidade sempre é um pouco constrangedora. O outro torna-se um mistério que vai se desvendando aos poucos - ou não. Confesso. A serenidade do meu rosto esconde que por dentro eu estou quase apavorada. O desafio é maior do que eu imaginava. Ainda mais pra mim que sou mais íntima com palavras do que com gestos. Por isso, escrevo. Escrever me dá tempo. Tempo para organizar ideias, para pensar e não ser bobagem. Ninguém quer se passar por bobo, idiota ou coisa parecida - nem eu. Ninguém quer ser ridículo de propósito, por isso o tamanho da barreira a ser quebrada. Esse vidro que me protege de mim mesma. É difícil mostrar o que tentamos esconder a vida toda. Difícil exercer esse desapego diante de bons modos já que a sociedade nos cobra o oposto o tempo inteiro. Gritar, ser estranho, dizer algo que ninguém entende, ser extremo... Qualquer coisa, qualquer coisa MESMO sem se importar. É tudo improviso. E improviso é aquilo que você tem que fazer quando tudo sai do controle. Tem que ser rápido. Tem que acontecer. Não há tempo de pensar. É saber enxergar o que está diante do nariz. Me falta jogo de cintura nessas horas. Dá um branco. Eu sempre quero enxergar além e filosofar sobre alguma coisa, mas as coisas mudaram. Sumo do mundo e não sei o que fazer. Não faço nada, quase nada. O espontâneo funciona bem, mas ser de propósito é outra história - que deveria ser a mesma coisa. Cunfuso? É, eu também fiquei. Está tudo aqui dentro, pronto pra ser manuseado, descoberto, colorido, pronto pra não ser levado a sério.

"Acho que tanto drama e comédia têm tempo, mas essa risada da plateia é determinante para um comediante. Eu acredito no humor como forma de ver as coisas"
Denise Fraga - Atriz e comediante 

beijos


Um comentário:

Danilo disse...

!..O espontâneo é o que mais me agrada, o improviso, pelo mesmo motivo de muita inibição, fui atrás e comecei a fazer Teatro, 1 ano e meio, os melhores da minha vida..mas gostei muito do texto, me resgatou boas lembranças, e se for fazer o curso eu dou total apoio..rs.! [continue escrevendo que eu continuo lendo]