sábado, 3 de setembro de 2011

POLITICAMENTE INCORRETO.

Chega sexta e minha mente está exausta. Essa semana eu tentei desacelerar, sair da rotina e combater de todas as maneiras possíveis o estresse diário. Deu certo, quase certo até hoje, ás 18hs.


Não teve um dia do qual cheguei ao metrô e não pensei em escrever uma carta de indignação ao prefeito, governador, presidente, ao papa. Não teve um dia do qual cheguei ao metrô e não pensei em convocar (quem dera eu tivesse esse poder) uma emissora de TV aberta para desmascarar a realidade que mostram em época de eleição.

Eu fiquei imaginando os políticos no debate se glorificando pelas estações novas do metrô, pela “facilidade”, “tecnologia”... Ah, me poupem. Não se deixem iludir, as estações novas enganam. São bonitas, porém nem tão eficazes. A transferência do metrô Consolação para a linha amarela nos horários de pico mais parece uma procissão. As pessoas que vão embarcar nos novos belos trens caminham pelo lado direito, mas têm que descer as escadas que ficam do lado esquerdo. Enquanto os que estão chegando fazem o trajeto oposto. Nessa hora não adianta pressa meu bem, porque o processo é lento.

Uma das novas estações, no caso a que eu freqüento (por necessidade, claro) a do Butantã não possui guichês de recarga de Bilhete Único na estação. Me perdoem, na verdade possui sim, são duas máquinas que nunca possuem sistema na hora que passo por lá, por volta de oito e meia da manhã, que não lhe dão troco e não aceitam cartão de débito.

Ou seja, se você acorda cedo para ir ao trabalho e descobre que está sem crédito no bilhete, foda-se. Agora, se você está voltando do trabalho lá pelas 18hs (esse horário as máquinas possuem sistema), possui uma nota de 20 reais, mas só gostaria de colocar 10 reais no bilhete, surpresa!, foda-se, pegue uma fila para trocar o dinheiro na bilheteria do metrô e depois outra fila para recarga. Ou gaste seu dinheiro obrigatoriamente para ter uma nota no valor exato. Mas se você quer recarregar 50 reais com cinco notas de dez. Insira uma nota, a máquina irá processá-la, você vai confirmar, depois vai escolher a opção de inserir mais notas, irá inserir outra nota, a máquina irá processar novamente, você vai confirmar e depois escolher a opção de inserir mais notas... Foda-se quem está na fila esperando você concluir esse longo processo.

Eu sou a favor das máquinas – quando elas tornam um trabalho manual mais eficiente. Mas me pergunto se nesse caso, colocar uma ou duas pessoas a mais gente trabalhando com recargas de Bilhete Único no metrô iria complicar tanto. Ah... Deixe-me ver se eu entendi: É legal complicar, talvez isso venda mais bilhetes de metrô e talvez isso seja mais lucrativo para a empresa privada das linhas novas e belas amarelas, IMAGINO eu.

Isso é um dos motivos deu não me orgulhar do meu país ser sede de uma copa do mundo, olimpíadas, ou qualquer outro evento internacional. É no mínimo vergonhoso, pois não acho que estamos preparados para receber visitas. Somos mal educados com os próprios membros da nossa família. Digo SOMOS porque a culpa não é só da política e da má organização do metrô de São Paulo. A culpa também é daquele cidadão que fala mal do governo, mas joga entulho na calçada do vizinho; Que joga garrafa de cerveja pela janela e reclama que o gari não limpou a rua; Que insiste em não respeitar orientações, fura fila ou sai empurrando todo mundo gerando uma seqüência de empurrões sem necessidade. Sabe aquele “jeitinho brasileiro”?! É uma porcaria. Um tentando ser mais rápido e esperto que outro.

O funcionário fala repetidamente, embarque sentido Butantã no fim do corredor a direita, mas para que andar tanto? Vamos esbarrar em todo mundo aqui mesmo e descer por aquela escada ali. Palmas, palmas, você é um grande esperto e mesquinho. O único que quer chegar logo em casa e por isso não ter obrigação de pensar no coletivo. Palmas para você!

Eu gostaria que, não só no Carnaval, na Copa ou nas Olimpíadas, os visitantes voltassem aos seus respectivos países falando o quanto somos receptivos, organizados e alegres e que isso fosse verdade. Sou a favor do patriotismo. Acho que o Brasil é um país de muitas qualidades, porém não acho que o brasileiro seja a principal delas. Claro que tudo tem suas exceções e se você se sentiu ofendido com esse comentário, você tem baixa auto-estima.

Sim, somos um povo de baixa auto-estima. Não gostamos de ouvir críticas, nem algumas verdades. Vejo muita gente dizendo que não gosta de americano sem ao menos ter conhecido um. Engraçado que muitos americanos possuem um estilo de vida melhor que o nosso – nesse caso, então, não entendo a crítica. Muita gente não gosta de Argentino por causa da rivalidade do futebol. Curioso, não achei que se eu mudasse de time isso influenciaria no meu caráter.

Adoramos fazer piadas com outros países, com os portugueses, loiras, gays e quando o ator e comediante Robin Williams resolveu fazer uma piada sobre a escolha da sede dos Jogos Olímpicos de 2016, dizendo “Espero que ela (Oprah) não esteja chateada de perder as Olimpíadas. Chicago enviou Oprah e Michelle. O Brasil mandou 50 strippers e meio quilo de pó. Não foi justo”, nós nos ofendemos como se tivéssemos as atitudes mais corretas do mundo. Se não estamos prontos para entender que uma piada é apenas uma piada, e rir dela, (afinal, TODA piada possui um alvo) não acho que estejamos prontos para eventos sérios.

Muita coisa deveria mudar no nosso país. Talvez uma política mais justa fosse capaz de resolver algumas coisas. Talvez senão jogássemos toda a responsabilidade nas costas da política, resolveríamos muitas coisas. Talvez quando começarmos a rir das piadas certas ao invés de achar graça do horário eleitoral. Talvez se aumentarmos nossa auto-estima e diminuíssemos nossos preconceitos. Talvez. Não custa tentar.

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Um comentário:

Aleks disse...

Oi,

Só me diga onde eu assino!!!

Beijos