sábado, 28 de abril de 2012

Até aqui.


Hoje eu tenho 130 anos e isso não estava nos meus planos. É com um verso do Agridoce que eu começo a escrever. Meu aniversário está por vir. Tenho pensado nisso com certa frequência. Nunca sei o que fazer com aniversários, com a uma idade que eu nunca tive, com as coisas que ainda não conquistei, com o meu cabelo que, de repente, deu vontade de cortar. 


São quase 22 passos até aqui, mas quando fecho os olhos eu perco a noção do espaço. Ás vezes tenho a impressão de que perdi muito tempo tentando me guiar. São 22 passos até aqui e a gente se sempre quase na obrigação de estar em outro lugar.


Já estive em outros lugares. Já fui e voltei, ou nunca mais consegui voltar. Fiquei.
Já dei aula de dança, já fui secretária, já montei apresentação de abertura da semana cultural da escola, já fui camareira e duas vezes garçonete do outro lado do mundo, já me tornei Designer Gráfico, já dei aula de "arte" pra gente com dificuldade de aprendizagem, já desaprendi a gostar do Corel, já escrevi coluna pra revista, já diagramei livros...
Algumas dessas coisas, ao mesmo tempo.


Apesar das coisas que já não são iguais, talvez eu nem tenho mudado tanto assim. Eu continuo não gostando muito das baladas, odiando filas, fígado e primeiros encontros. Eu continuo sem fôlego pra correr, sem tendência para emagrecer. Ainda não sei dar cambalhota. Ainda gasto dinheiro na perfumaria com esmaltes e hidratação para os cabelos. Tenho certa tendência para acreditar em propagandas de shampoo. Continuo vendo tutoriais de maquiagem e usando roupas largas e velhas aos domingos. Eu continuo preferindo uma coberta, um filme, conversas, você que eu encontro por ai, um Frappuccino de chocolate à base de creme, ahh chocolate, creme de leite quando eu vou cozinhar, música todo dia, um barzinho, um show ao vivo pra me acabar.


Eu continuo preferindo as minhas contradições e, enquanto isso, vou mudando minhas condições. Eu continuo querendo fazer o que eu gosto, querendo me dar bem no trabalho, no amor e em todo resto. Continuo gostando da minha discreta loucura. Respeitando as minhas partes boas e ruins.
...Eu simplesmente continuo.


E quer saber? Eu bato palmas pra mim. Tenho sido mais sincera possível comigo mesma, de tempos pra cá. Apenas sentindo, sem tentar me camuflar. Eu sou ansiosa, sinto medo, mas vou lá, me jogo na vida, me enfrento ou simplesmente abraço o que me contagia. E eu to aqui. Entre folia e o caos, minha falta de jeito e meus esforços. Me sinto orgulhosa por muitas coisas. As mais simples geralmente são as mais significativas.


Eu te disse, eu vou seguir, eu te apontei a direção. Deve ser lá. Lá tem tanta coisa que eu ainda não consigo enxergar. Deve ser lá. Lá deve ter livros que eu ainda não li, coisas que eu ainda não escrevi, amores que eu ainda não vivi, coisas que eu ainda não toquei, músicas que eu ainda não dancei, salários que eu ainda não ganhei, chuvas das quais ainda não me molhei, viagens que eu ainda não fiz...

Faço questão de não encerrar esse post com alguma conclusão, 
afinal de contas, eu só estou começando...


"Esse vento sob minhas asas, eu não mando mais em nada. 
Sei que é alto, mas eu vou pular.
O que todos vão dizer e aonde vão chegar. Nem os olhos podem ver
Decidido, eu não volto pra casa.
Ao lar, ao corpo e todas as palavras que a vontade, conseguir pensar."
(130 anos - Agridoce)

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