Um dos motivos que me levou a criar um blog foi a possibilidade de compartilhar assuntos que, geralmente, fica fora dos bate-papos e das conversas sobre o tempo, trabalho, novela, trânsito, julgamentos noticiados na TV, o que será do Brasil quando a Copa do Mundo for aqui... Sempre pensei em outras coisas antes de dormir, ou mesmo durante o dia, quando tento ficar em silêncio.
Hoje resolvi escrever sobre a morte, porque o Caio começou a falar sobre isso no trabalho e eu fiz cara de espanto, com um reação automática de evitar o assunto. Depois comecei a me acostumar com a ideia do assunto e comecei a pensar que morte é muito mais comum que um navio afundando, um avião caindo, um brinquedo quebrado... A morte acontece todos os dias e a gente finge não ver.
As pessoas acreditam em tanta coisas. Santo, horóscopo, simpatia, alma gêmea, fofoca... Mas quando se trata da morte, é igual fantasma e disco voador: evitamos pensar no assunto, porque nenhuma explicação nos convence. Falta coisa na história, falta acontecer com a gente, mas a gente não quer que isso aconteça.Temos um puta medo, há sempre um espanto, um desespero, uma inconformidade - antes da saudade.
Hoje eu cheguei em casa e assisti um filme chamado 50% (Em inglês: 50/50). Basicamente o filme é sobre um cara de 27 anos que descobre que possui um tipo raro de câncer. Sei lá. Com câncer ou não, todos nós estamos morrendo. Com as mesmas chances. A diferença é que as pessoas que não possuem o diagnóstico que nenhuma doença grave, muitas vezes, agem como se fôssemos imortais. Agimos como se a vida fosse eterna. Com isso, não damos valor que deveríamos a quem está sempre ao nosso lado, ou deixamos de fazer as coisas que realmente gostamos para colocar outras prioridades na frente, ou simplesmente vivemos com pressa. A verdade é que só temos a vida inteira.
Nós evitamos a morte porque queremos viver, mas talvez se a encararmos de frente, viveríamos muito mais.
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6 comentários:
eu acho que a morte nada mais é a continuação de uma nova vida que virá na frente.
muito bom seu texto tati .. parabéns !
Fabio
!..Ouvi falar deste filme, parece ser muito bom, esta na minha lista para assistir antes de morrer..rs..rs..Realmente só nos damos conta do verdadeiro valor da vida quando descobrimos o preço da morte..vivemos despretenciosamente achando que nada vai nos atingir, que só acontece com o vizinho..mas a realidade é dura e cobra, e quando bate na porta não adianta rezar ou se arrepender...temos sim que viver cada dia como se fosse o último para dar sentido em tudo que fazemos..gostei muito do texto..parabéns..! [continue escrevendo que eu contino lendo]
Texto incrível! Imparcial e direto. Usando o que o Danilo comentou: "temos sim que viver cada dia como se fosse o último para dar sentido em tudo que fazemos."
Fiquei pensando na profundidade das suas palavras, Tatiana, talvez elas ganhem um sentido maior quando se vê por um prisma divino. Sentido à vida, como disse o Danilo, surge quando agimos em prol de algo maior. Penso que este "algo maior" não é meramente a satisfação dos nossos desejos, mas algo que vá além da morte, algo que vamos levar dessa vida. Por isso creio em Deus, Ele dá o sentido completo, a saber, a única coisa que vamos levar daqui é o caráter.
Muitos acham que se, nunca diagnosticado com algo grave e que, de certo, levará a morte, viveram no mínimo até ficarem velhinhos e com limitações; tanto que, quando vêm alguém nestas condições, já pensam que estas estão próximas de morrer. O negócio é que morrer é um acaso e, na maioria dos casos, não se prevê quando isso vai acontecer; não existe um tipo certo, a hora exata, o local, ou seja lá o que for.. o que existem são possibilidades maiores, e é nisso que todo mundo se prende. Mesmo sabendo, lá no fundo, que daqui a dez minutos poderá ter "tomado a frente" daquele senhorzinho - antes dito como incapaz.
Ninguém deve ter medo da morte, ou de falar dela. Quem morre, aparentemente, está com seu destino certo e no ponto final. Nada mais se pode fazer quanto a isso. A quem já morreu, não ficam saudades, mágoas, tristezas, arrependimentos.. isto só é dedicado a quem vive. Tenho medo de não aproveitar quem eu amo, ou de não fazer tudo o que posso por pessoas que significam muito para mim. Medo tenho de vê-lo partir sem a certeza do quanto foi importante para mim. Medo tenho de não viver.
Com a "morte", eu me resolvo quando conhece-la e tomar certeza do que realmente era me reserva rs
Sem querer desmerecer o texto: belo título!
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