Por favor, descomplique!
Se eu pudesse realizar um desejo hoje, seria de que as coisas (e principalmente as pessoas) fossem mais simples. Não digo que minha vida esteja complicada, nada disso. Mas olho ao redor e vejo que tudo poderia ser mais simples e menos simplificado. Quer saber a diferença? Ser simples é aproveitar todas as coisas que a vida lhe propõe seja um pão com mortadela ou um jantar chiquérrimo. Não tem nada a ver com status, acredite. Ser simples é não conter as emoções mais estranhas - ou mais belas. É deixar que as outras pessoas saibam sua verdadeira opinião sobre tal assunto, o seu verdadeiro sentir. Você sente? Se não sente, também seja sincero(a) e assim você será simples. Seja menos simplificado. Pare de tentar te traduzir em marcas, gêneros, grupos, etnias, classes e assim por diante. Pare de tentar traduzir tudo e será um grande passo.
Você tenta traduzir a música, o livro, o enredo e até os pensamentos e atitudes das pessoas. Você não, nós! Já me peguei fazendo isso do mesmo modo que já fizeram isso comigo e posso lhe garantir: tudo fica mais complicado. Quando tentamos adivinhar o que o outro pensa, gosta ou faz plantamos um ponto de interrogação no meio do peito que nos consome (e muito!). Quando fazemos isso, cometemos duas injustiças: conosco mesmos e com o outro que parece ser o enigma em pessoa. Por isso, eu peço, seja simples.
Imagine só que domingo a noite meus pais tentaram narrar um episódio da minha vida que não existe. Criaram conceitos, planos e quiseram nomear "cargos" e "cargas". Quiseram me poupar do risco e do momento. Quiseram criar uma medalha de merecimento pra eu dar pra quem eles acham que merece. Ficaram incomodados por mim. Para que? Não sei. Não sei o que se passava na cabeça deles do mesmo modo que eles acham que sabem o que se passa na minha cabeça. Tudo em vão. Tudo muito planejado, muito questionado. Será que não perceberam que certas preocupações são desnecessárias e só servem para ocupar uma parte vazia dentro da gente? Não quero isso. Espaços vazios eu ocupo com coisas existêntes. Simples assim.
Poderíamos exercer mais a nossa simplicidade. Agora. Pode ser? Porque eu não entendo de onde vem tanta certeza que as coisas podem acontecer numa "outra vez". Eu não sei quanto tempo vai durar nosso presente - essas caixinha de surpresas que - embora curiosos - adiamos tanto para abrir. Seria medo? Talvez. Cada um sabe o que sente e eu não vou ficar tentando adivinhar você. Posso falar por mim. Ás vezes sinto medo - do desconhecido - mas prefiro correr o risco.
Risco minhas palavras em você te convidando a correr riscos junto comigo. O risco de ser simples. Sem indagações, sem placar, sem joguinhos, sem indiretas. Se não sabe, pergunte. Se souber, ensine. Se não souber a resposta, confesse. Se quiser, corra atrás - alcance. Se não quiser, diga (de maneira direta e educada). Se não gostar, não aceite. Se amar, se declare. Se não gostar o suficiente para amar, não diga que ama em vão. Se tiver com vontade, realize. Se tiver cansado, descanse. Pode dizer o que realmente está sentindo? Angústia, inveja, alegria, compaixão...? Já te falei, é um risco. É simples e te faz menos simplificado.
Por isso, desenrole-se, desembrulhe-se, mostre-se, deixe de lado tudo aquilo que torna a vida complexa e que te deixa confusa e triste. Deixe de lado também as pessoas que dizem que tudo é complicado. Elas estão mentindo para você, quase te convencendo. Nada é tão complicado a ponto de não ser resolvido, a ponto de não ser adaptado e superado. Pronto, já pode colocar um sorriso na boca, um brilho nos olhos e a simplicidade dentro da mente. Não simplifique sentidos e sentimentos. Seja apenas simples. Corra riscos. Por favor, descomplique!
Beijos simples!
=)